Nacionalmente, o eleitor brasileiro optou por uma ruptura
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terça, 08 de novembro de 2022

Pela primeira vez na história da redemocratização brasileira, um presidente não conseguiu a reeleição. Ao passo que também foi a primeira vez que um presidente concorreu contra um ex-presidente e que um ex-presidente retornou ao cargo para um terceiro mandato. E todas estas novidades aconteceram com um resultado muito apertado, a menor diferença da história, com apenas 2.2 milhões de votos.
     Literalmente, o país se dividiu. Mas, a opção da maioria foi pela ruptura, pela mudança, pelo retorno de um ex-presidente mais alinhado à esquerda. O eleitor que fez a adesão ao “lulismo”, o fez pela defesa das pautas sociais e esperança de uma melhora na economia do país. 
    As sequelas da pandemia e o aumento do custo de vida estavam preocupando o eleitor médio, aquele que não tem ideologia, mas que decide a eleição. Esse eleitor fez um voto de confiança em Bolsonaro em 2018, mas retornou para Lula, apostando em um sentimento de nostalgia, defendendo a ideia de que Lula está mais apto para fazer a economia avançar. 
    Durante a campanha os candidatos falaram muito em Auxílio Brasil, como um programa de distribuição de renda que seria mantido por ambos. Mas esse não era o tema central para os eleitores, em especial, para os que não recebiam o Auxílio Brasil.
    Como tese central de sua campanha, Lula projetou o “resgate da esperança”. Em seu plano de governo, apregoava resolver os problemas mais caros para a sociedade como o desemprego, o endividamento da população e o combate à inflação. O voto de confiança em Lula vem imbuído do desejo de que o ex-presidente possa trazer de volta o cenário econômico de 2012, no qual se falava em “nova classe média”.
    Seus eleitores mais tradicionais, que também votaram em Fernando Haddad em 2018, o fizeram pela crença em sua pauta social. Nas pesquisas qualitativas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, estes eleitores citavam os programas sociais (Minha Casa Minha Vida, Prouni, Pronatec, Minha Casa Melhor, Farmácia Popular entre outros). 
Já os eleitores com base ideológica de esquerda, votaram em Lula por toda sua agenda política: um governo que defende a justiça e a inclusão social, as minorias e a própria democracia.
    Quando a sociedade se divide e a maioria opta pela mudança, há no mínimo duas mensagens implícitas nesta decisão: a maioria que elege manda um recado, demonstra que não estava satisfeita como o desempenho do governo, com as políticas públicas em curso e, principalmente, com a forma como o governante estava se relacionando com a sociedade. A outra metade, derrotada, sinaliza ao futuro mandatário que suas decisões precisam ser embasadas em sabedoria e diálogo, primando pelo respeito e empatia. 
    Se Lula fizer um governo republicano, visando o bem comum, tende a minimizar a antipatia e a oposição natural ao seu governo.
 

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