Na reta final, mais terror psicológico do que propostas
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quinta, 20 de outubro de 2022

Em uma eleição polarizada, com dois candidatos extremistas, temos vários tipos de comportamentos: os eleitores que disseminam o terror, os que se assustam, os que não estão interessados em acusações e aqueles que não concordam com esse tipo de campanha.
    Os ataques entre os dois candidatos estão ocorrendo no campo formal e no campo informal. E isso está afetando o tratado de “não agressão” que existia em muitos grupos de WhatsApp no primeiro turno. Na prática a temperatura subiu, a tensão aumentou, os candidatos elevaram o tom e a disputa está indo para uma lógica de “vale-tudo”.
Neste segundo turno, nos programas e nas inserções ao longo do dia, os candidatos à Presidência da República estão alternando suas falas, entre o tom moderado e as críticas mais contundentes ao adversário.
No primeiro turno, Lula fez 16 ataques no horário eleitoral e Bolsonaro fez 14, na chamada campanha oficial que passa na televisão e no rádio. Neste segundo turno está taco a taco, um ataca de um lado e outro ataca de outro, em uma guerra de narrativas.
Tanto a campanha de Lula quanto a de Bolsonaro estão levando os ataques mais tensos, que geralmente ocorrem na rede de esgoto, para a campanha oficial. Sabe-se que historicamente o segundo turno gera decisões acirradas, mas a eleição de 2022 é marcada pelo aumento da polarização e do terror psicológico, diminuindo a qualidade propositiva do debate.
Os ataques ganham mais destaque do que as propostas e as Fake News se proliferam. Bolsonaro chama Lula de ladrão, de ex-presidiário, de líder de voto nos presídios e garante que ele não vai vencer. Lula chama Bolsonaro de canibal, de miliciano, de negacionista e tenta carimbar sua família como corrupta. Ambas campanhas estão baseadas na divulgação intensa de conteúdos que pretender manchar a imagem de um ou de outro candidato.
A campanha de Bolsonaro aposta na ideia de que o bolsonarismo é a última barreira de contenção ao retorno do petismo, tentando estimular eleitores mais conservadores que votaram em candidatos de terceira via.
A campanha de Lula tenta romper a barreira ideológica, buscando apoios de centro-direita e estimulando o preconceito e a ojeriza contra o bolsonarismo.
A campanha de ataques do campo informal é apelidada de “esgoto”, é aquela que é movida pela militância, seja nas ruas, nas redes sociais ou nos grupos de Whats. Na campanha de esgoto os ataques estão sendo mais pesados ainda, entram para o campo pessoal, são alimentados por distorções da verdade ou por muitas Fake News, trabalhando no psicológico das pessoas.
O primeiro debate da Band neste segundo turno também foi de ataques mútuos e a palavra mais trocada entre os dois foi em cima do termo “mentiroso”. Os adversários procuraram atacar a área mais frágil de cada um. Lula atacou Bolsonaro no tema pandemia e Bolsonaro atacou Lula na pauta da corrupção. Foi uma troca de farpas permanente falando do passado. No debate não houve atenção às propostas e a pauta econômica, tema tão importante para a população, que não foi devidamente discutida.

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