No Rio Grande do Sul, a disputa para o cargo de governador será bem diferente da disputa que teremos para a presidência da República. A disputa para o cargo de presidente está polarizada, o país está dividido entre duas forças políticas radicais, cada uma do seu modo. O ex-presidente Lula postula novamente o cargo de presidente, por outro lado, o atual presidente Bolsonaro faz de tudo para continuar no poder. O que de tão bom existe em Brasília, que faz com que as duas figuras políticas se digladiem com apoio de seus céticos seguidores para voltar ao poder ou continuar? Seria por acaso o bem do povo? Acredito que não, mas deveria ser.
Diante da polarização que divide opiniões e votos nas próprias famílias, que acirra os ânimos entre vizinhos, colegas e amigos para ver qual dos dois radicais é melhor, qual será o presidente, nós brasileiros perdemos a grande oportunidade de um debate político amplo, onde outras formas de ver o mundo e o governo pudessem ser apresentadas para a população, perdem espaço as novas ideias, as posições de diálogo, as propostas diferentes de governo são politicamente aniquiladas pelo radicalismo.
Cenário político bem diferente está projetado para o Estado. Aqui termos vários e bons candidatos a governado com chances de vencer as eleições. Aqui não se visualiza o radicalismo da disputa federal. Os gaúchos terão boas opções de escolha para o futuro governador, termos candidatos com potencial da esquerda, do centro e da direita, todos com chance de vencerem as eleições, o que projeta um inevitável segundo turno.
O ex-governador Eduardo Leite entra na disputa defendendo seu governo, as reformas e o retorno do Estado com a capacidade de investimento com pagamento em dia dos fornecedores. Leva de vice um candidato do MDB, que depois de muita divisão interna decidiu apoiar o ex-governador. Um candidato de centro.
Por sua vez, a direita vem bem representada com o deputado Onix Lorenzoni e pelo senador Luiz Carlos Heinze, ambos tentando navegar na maré bolsonarista e com partidos de forte representação pelo interior do Estado, defendem um modelo de Estado mais liberal e o modelo conservador.
Por outro lado, a esquerda com dificuldades de se unir, conseguiu constituir uma chapa com potencial de enfrentamento eleitoral. O candidato Edegar Pretto, do Partido dos Trabalhadores, pretende surfar nas ondas do ex-presidente Lula, defendendo direitos das minorias, dos pequenos e dos trabalhadores. Agregou de última hora o ex-governador Olívio Dutra, um ícone do partido para a disputa do Senado, o que motiva a militância.
Dessa forma, os gaúchos não têm do que se queixar, terão quatro boas opções de escolha do futuro governador, outros candidatos ainda com menor representação, como é o caso do PDT, não podem ser desprezados. Então, entendo que os gaúchos estão de sorte, por outro lado, os brasileiros amargam um azar danado para a escolha.