Palavras cruzadas
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quarta, 01 de junho de 2022

Sempre gostei de fazer palavras cruzadas de jornais. Aí quando resolvi intensificar o passatempo, comprei os livrinhos e o que aconteceu? Perdeu a graça. É incrível, mas é bem isso. No jornal eu faço uma inteira, enquanto que no livrinho, que daria para fazer umas 20 e me esbaldar, pulei da barca.

 Por falar nisso, minha mãe é viciada em palavras cruzadas. Ela é uma das pessoas mais generosas que conheci na vida. Sempre quando vamos visitá-la saímos de lá com sacolas e mais sacolas de coisas, mas “ai” de quem colocar a mão nas palavras cruzadas do jornal dela. Assina só para isso, eu acho.

E a temperatura? No pico do verão a gente sente saudade do inverno. Aí vêm umas pegadas de frio de rachar como dias atrás e a saudade vira a chave para o então desprezado verão. Aliás, em ambas as situações a reclamação é a mesma: a conta da luz. Ou abusamos do climatizador, principalmente no verão, ou estendemos aquele banho gostoso, o lençol térmico e a torneira elétrica na pia da cozinha, no inverno.

Eu poderia fazer uma lista de outras tantas coisas que geralmente está na pauta das nossas reclamações: a troca de carro que fica sempre para depois, aquele “up” na sala ou na cozinha, comprar uma TV mais moderna, diminuir a conta do supermercado, enfim. Não tem jeito, ou a gente reclama de uma coisa ou de outra. Nunca estamos 100% contentes.

Diante de tudo isso, a gente acaba esquecendo de fazer o basicão: agradecer. Falta uma coisa aqui e ali, mas a gente sempre se vira, dá um jeito, tem saúde, e por aí vai. Agradecer é algo tão simples e tão poderoso que por vezes a gente não se dá conta. E faz bem.

Essa semana Grêmio e Inter golearam com propriedade. Aí vários gremistas vieram com aquela de ter batido em bêbado, que contra o Glória é uma coisa, quero ver na Série B, coisas assim. Enquanto isso, do lado vermelho, os colorados vibraram com a classificação, mas inseriram “o porém” de que quero ver nas próximas fases, de que no Brasileirão só empata, entre outras observações.

    Que possamos ser menos chatos com as limitações dos nossos times. Eu sou da turma que prefere aproveitar os bons momentos. Se lá na frente as coisas serão mais complicadas (o que é perfeitamente natural no futebol), que se deguste do presente. Afinal, por que comprar o problema antes de ele acontecer? Quem pensar o contrário pode deixar o futebol de lado e partir para as palavras cruzadas, por exemplo. Desde que não toque nos livrinhos da minha mãe, claro.

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