Empate
**Os artigos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, não traduzindo a opinião do jornal O Alto Uruguai
segunda, 16 de maio de 2022

Não sou fã de empate em jogo de futebol. Até abro exceção para aqueles empates de 2 a 2 pra cima, algo tão raro quanto falarem bem do Neymar. Empates de 1 a 1 para baixo precisam ser analisados, mas normalmente são jogos mornos.

Isso. Mornos. Empate é algo morno, sem graça. É como você ir à praia com tempo nublado e um leve vento estar começando. É como apostar tanto na cara como na coroa e a moeda cair de pé.

Bacana foi o Brasileirão de 1988, a Copa União. Ali inventou-se antes mesmo da FIFA a vitória de três pontos, sendo que se houvesse empate teríamos disputa de pênaltis, a qual daria dois pontos para o vencedor e apenas um para o perdedor. Naquela competição o empate foi abafado.

Já escutei – e você também pode pensar nisso agora – que a história apontou muitos campeões devido a um empate, mas o fato é que o campeão não levantou o troféu graças a esse resultado, mas sim ao jogo anterior, pois, indica a lógica, ele venceu. Ocorre que às vezes aconteceram dois empates e o tal “gol qualificado”, mas, veja você, quem efetivamente decidiu foi o gol qualificado e não o primeiro ou o segundo empate.

E quando você faz um happy hour com um amigo e ele resolve pagar a conta? A justificativa é que na semana passada foi você quem pagou e, cheio de graça, ele dirá: “estamos empatados”. A notícia boa é que ocorreram dois happy hours com boas risadas e descontração, mas ninguém saiu em vantagem. Nem deveria. Afinal, parceria é parceria. Tá bom, para algo o empate serve.

Teu outro amigo chega e diz que a empresa que recentemente ele abriu já está completando seis meses de atividades. Você pergunta como estão os números e ele orgulhosamente informa que ainda está no vermelho devido ao investimento, mas que até o fim do ano já vai conseguir empatar. Taí, outra boa vantagem de um empate. Neste caso estaria apontando crescimento.

Empate bom é quando não envolve o futebol. Melhor que alguém ganhe. Até por que, se o teu time ganhar uma e perder outra, somará três pontos. E com dois empates a soma seria menor. E nem tente me convencer que o tetra veio após empates no tempo normal e na prorrogação. Quem decidiu foi o balão do Baggio. Senão estaríamos até hoje cobrando pênaltis. E empatados, claro.
 

Fonte: