A mãe e o pênalti
**Os artigos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, não traduzindo a opinião do jornal O Alto Uruguai
sexta, 06 de maio de 2022

Escrever sobre o Dia das Mães é uma das coisas mais fáceis que existe. Embora tivéssemos conteúdo para muito mais espaço que esse, no caso. Tenho dúvidas, inclusive, se haveria papel suficiente no planeta para discorrer quanto a esse conteúdo.

    As mães se preocupavam com a gente antes mesmo de nossos nascimentos. Você estava lá, chutando a barriga dela, e ela já ficava de olho e de alma, observando e sentindo a sua presença. Só mãe sabe o que é isso. Nós até podemos imaginar, mas esse é nosso limite.

    Aí a gente vai crescendo, se desenvolvendo, e tudo isso só consegue ser possível por causa delas. Óbvio que em muitos casos os pais se viram bem, mas a forma de fazer, o jeito de “acoplar” as mãos e o coração às atividades, são únicos e impossível de copiar.

    Existem mães desnaturadas por aí, mas nem cabe ficar dando Ibope para elas. Hoje é dia de homenagem e essa turma não iria merecê-las. Então, seguimos falando de mãe de verdade, de mãe comprometida, que joga de camisa curta no inverno, que não tem medo de sujar o uniforme dando carrinho em campo embarrado, de mãe que não tem medo de cobrar um pênalti aos 50 minutos do segundo tempo. Essas, sim, são as mães que nos representam.

    Por falar em futebol, minha mãe não torce para o mesmo time que eu. Uma das poucas divergências que tivemos até hoje. Faz parte. Porém, quando eu era bem mais fanático por futebol do que hoje, ela já sentiu meu sofrimento e torceu para o meu time em jogos decisivos. Separados pelas paredes de um quarto, ela sabia que eu não estava conseguindo dormir de ansiedade por causa do jogo do dia seguinte. Como não perdoar uma mãe que torce para o time rival ao nosso? Duvido que você torceria para o time dela em uma final, por exemplo.

    Acho que uma das poucas coisas que minha mãe não fez comigo foi jogar futebol de botão. Mas ganhei muitos times dela, os quais tenho até hoje em minha coleção. Por sinal, seria divertido jogarmos juntos. Se bobear, mesmo sem saber patavinas de como jogar, ela seria capaz de entregar o jogo só para ver o filho feliz. A minha e muitas outras que estivessem nesta mesma situação, tenho certeza.

    Como citei lá em cima, teria tanto conteúdo para escrever aqui... Mas acho que consegui deixar uma singela homenagem para todas as mães e isso me deixa contente. Para todas mesmo, principalmente para aquelas que, pelos filhos, cobrariam com autoridade e personalidade um pênalti aos 50 minutos do segundo tempo. A minha, não tenho dúvidas, mandaria “um canhão” na gaveta.
 

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