Gentilezas deixam a vida leve
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segunda, 30 de agosto de 2021

Grosserias e atitudes deselegantes sempre me incomodaram desde criança, quando assistia perplexa outras crianças terem verdadeiros ataques nos supermercados, se sacudindo e esperneando porque exigiam a compra de um iogurte. Aquela gritaria me incomodava profundamente e tudo o que eu desejava era fugir daquele “gritedo” e mudar de corredor, mas os gritos manhosos ecoavam e o jeito era ter paciência. Mais tarde, percebi que também me estressava a deselegância no trato com as palavras e a rudeza no convívio social. Sorte minha que tanto em casa quanto nas escolas que estudei, o ambiente era de paz e não de guerra. Havia respeito, solidariedade e empatia. As pessoas pareciam se importar umas com as outras e, sem nenhuma dúvida, éramos mais felizes! Saudosismos à parte e sem querer referendar a origem etimológica de "gentileza" (do latim gentilis), que alude à nobreza romana, ser gentil não é ser chique, é ser educado. Gentileza é sinônimo de amabilidade, de tratar bem os outros e de cortesia. Seja na vida pessoal ou no ambiente organizacional, sabemos o quanto benéfico é cruzar com um sorriso franco e com atitudes positivas. Ser gentil ameniza conflitos, sossega humores alterados e promove um ambiente salutar e amistoso, já que a falta de maturidade emocional costuma ser responsável por muitos atritos e animosidades. Ninguém é obrigado a concordar com o que o outro pensa, já ser cortês ao discordar, isso sim deveria ser regra. Apesar de primário, o entendimento de bons modos tem muita gente que se emociona por ter "fama de mau". São aquelas pessoas que cunhamos por difíceis de lidar, estouradas, de pavio curto, que se descabelam – como as crianças manhosas nos supermercados – por qualquer coisa que as desagrade e que não entendam. Esse povo "cricri", se mata procurando "cabelo em ovo". São encrenqueiros, barraqueiros, além de possuírem uma forma de comunicação agressiva e imperativa. De dedo em riste, cobram até o que não lhes é de direito cobrar e, nas raras vezes que se dão conta que pisaram na bola, usam do puxa-saquismo como forma de se redimirem (está aí outra coisa que detesto: a bajulação me revira o estômago…). Dos mecanismos de preservação na lida com gente difícil, diminuir o convívio costuma ser de extrema valia, embora nem sempre seja possível. Formalizar as relações e banir contatos pelas redes sociais também se mostra salutar em prol do bem-estar. E o WhatsApp? Como evitar trocas com gente chata, já que tem sido um importante meio de comunicação em tempos de trabalho remoto? Ora, não esqueçamos o e-mail – considerado um meio de comunicação oficial –, que formaliza as relações e intimida grosserias. Nos idos anos 80, havia um profeta das palavras tido como louco – José Datrino –, que espalhava mensagens sobre gentileza pelos muros cariocas. É o mundo virou algumas cambalhotas e continuou de ponta-cabeça, já que ser gentil virou passe para a loucura. Mesmo assim, mil vezes louca do que sem classe.
Bons Ventos! Namastê.


 

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