Amor, amore, amour
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segunda, 09 de agosto de 2021

A origem do amor remonta o mito do surgimento do universo decantado por Hesíodo, onde é narrada a relação de Eros com Psique e todas as vicissitudes vivenciadas pelos personagens em prol de superar barreiras e poder desfrutar das alegrias e prazeres do amor. A lenda nos leva a uma reflexão sobre o quanto é importante para vida mental e espiritual, o processo de amadurecimento no campo afetivo uma vez que o amor é multifacetado e nos propicia benesses psicológicas, afetivas e fisiológicas, sendo a nossa fonte natural de endorfina. O mundo sempre girou em torno desse sentimento e, se não fosse o amor, muitas músicas, obras literárias, esculturas, pinturas, peças teatrais, poesias e tantas outras manifestações artísticas não teriam sido concebidas. Se o amor tratado no século XVIII pelos autores do romantismo era passional, desmedido, por vezes trágico ou utópico (Lord Byron que o diga), com o surgimento do samba em terras tupiniquins, ganha uma nova roupagem, ainda que baseado no sofrimento de desilusões e perdas. Me pergunto o que seria do samba sem as dores do amor? Essa mistura de letras e melodias, muitas vezes orquestrada em vilas ou na periferia dos grandes centros, aguça os sentidos por nos fazer lembrar que o amor, embora sublime, também machuca sendo a prova viva dessa díade (amor/dor) as composições dos grandes sambistas que deixaram sua marca no cenário musical. Vinícius de Moraes já falava que “pra se fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza”, tristeza essa que vai e que vem segundo o Maestro Tom Jobim ou buscando respostas nas “rosas” de Cartola. Já Caetano, recomenda como remédio para dor cantar, pois “cantando eu mando a tristeza embora”. Na maioria das vezes, nossas escolhas afetivas estão intimamente arraigadas a nossa conduta pregressa, no que procuramos no outro(a) sendo imprescindível o autoconhecimento das nossas vontades. Seguir o aforismo do oráculo de Delfos em conhecermos a nós mesmos, é a maneira ideal de não sermos tão reféns do acaso e nos tornarmos expertises de nós mesmos. Churchill dizia sermos donos do nosso destino e capitães da nossa alma dentro no nosso livre arbítrio, porém, para que tenhamos precisão em nossas decisões antes é preciso conhecermos todas nossas potencialidades, rever nossa história de vida para compreender o presente e predizer o futuro, bem como estabelecer se mantemos velhas rotinas ou estabelecemos novos propósitos. A maneira como escolhemos vivenciar o destino nos dará o estímulo necessário para tecer metas em contraposição a fatalidades, pois se não podemos mudar os outros ou o curso de alguns acontecimentos, ao menos podemos ser responsáveis por fazer o nosso tear particular e criar nossa própria história, inclusive no amor. Viver o amor em sua plenitude, sem amarras, sem óbices, sem se apressar em escrever o destino final clichê “E viveram felizes para sempre”, é um início de maturidade emocional. E viva o amor!

Bons Ventos! Namastê.
 

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