Organizando minha palestra para o COMPOL Brasil — Congresso de Comunicação Política e Institucional voltado para estratégias, tendências, pesquisa e inovações na comunicação pública e política — tentei sistematizar os principais aprendizados sobre o comportamento do eleitor e suas motivações.
O que todos desejam neste momento é um modelo preditivo que possa indicar o que o eleitor brasileiro fará nas próximas eleições em seus estados e, especialmente, quem escolherá para governar o país.
Mas receita de bolo não existe, ainda mais quando estamos falando da “cabeça do eleitor brasileiro”, composta por uma grande diversidade de perfis sociais, culturais e econômicos, refletindo uma pluralidade de identidades que varia significativamente entre as diferentes regiões do país.
Além disso, o comportamento do eleitor é fortemente moldado por frustrações acumuladas com promessas não cumpridas, crises institucionais e escândalos recorrentes, ao mesmo tempo em que carrega expectativas variadas quanto ao papel do Estado, à melhoria da qualidade de vida e ao futuro do país.
Portanto, para compreender o que pensa o eleitor brasileiro, é necessário utilizar diversos indicadores comportamentais para analisar e interpretar corretamente uma pesquisa de intenção de voto — como no caso atual do Brasil, em que Lula e Bolsonaro ainda se mantêm na preferência dos eleitores.
O primeiro cenário de análise diz respeito à continuidade ou mudança, e precisamos observar o indicador de satisfação com o governo. A premissa é clara: se o governo vai bem, a tendência é de continuidade. Agora, se vai mal, o eleitor pensa e repensa.
A cultura política do eleitor é um pilar essencial para sua reflexão. A maneira como ele vê a política diz muito sobre suas escolhas. Neste contexto, estamos falando da persona, da tipologia do eleitor: se é racional, pragmático ou tem uma tendência mais emotiva, que se conecta com o personalismo político.
Quando se pensa na polarização política, é preciso analisar a rejeição — o voto de exclusão — e, principalmente, a posição do eleitor na régua de valores sociais e morais: como ele vê a agenda de costumes. Eleitores mais liberais tendem a votar à esquerda e os mais conservadores, à direita. Entretanto, o eleitor que decide o processo eleitoral é tradicional, respeita alguns valores da direita e acena positivamente para algumas teses da esquerda e por isso temos as variações constantes nas pesquisas de intenção de voto.
Outro grande trunfo dos políticos é a análise da segmentação regional. O comportamento eleitoral pode variar bastante entre o Norte e o Sul, litoral e interior, capitais e pequenas cidades. Explorar fatores históricos, acesso à informação e desigualdades ajuda a entender essas diferenças.
E é claro que a campanha já está em curso, com a defesa de temas específicos que fazem sentido para o eleitor — e com a circulação de muitas Fake News ou discursos demagógicos — sabendo que jovens, adultos e idosos consomem política de formas diferentes.
