Toda atividade profissional tem seus desafios e recompensas, e meu trabalho não é diferente. Atuando com pesquisa de opinião e de mercado, estou constantemente correndo contra o tempo, atendendo clientes que buscam soluções e lidando com imprevistos, desde dificuldades logísticas até situações inesperadas como um entrevistador mordido por um cachorro. Ainda assim, há uma grande satisfação em compilar dados e interpretar tendências que refletem o pensamento da sociedade.
Não é à toa que me dedico a sistematizar e compartilhar em minha coluna resultados de pesquisa que traduzem o cotidiano, revelam expectativas e captam sentimentos coletivos. No IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, trabalhamos com diversos indicadores para entender a visão da sociedade sobre diferentes temas. No entanto, percebo que é mais comum as pessoas expressarem insatisfação nas pesquisas, seja ao avaliar um serviço público ou ao mencionar dificuldades do dia a dia. Com o ritmo acelerado da vida, a impaciência aumenta e o mau humor se torna um sentimento cada vez mais recorrente.
Nesse cenário, estamos avançando na análise integrada de indicadores para avaliar, ou melhor, “descortinar” o bom humor da população, focando em três elementos essenciais: satisfação, otimismo e felicidade. Por meio de diagnósticos quantitativos com abordagem qualitativa, estimulamos os entrevistados a responder questões fechadas sobre esses temas e a descrever as razões que motivam suas avaliações.
O que descobrimos ou confirmamos é que, de maneira geral, esses três indicadores caminham juntos: pessoas mais satisfeitas com a vida tendem a ser mais otimistas e mais felizes. Como a ordem dos fatores não altera o produto, pode-se dizer que pessoas felizes são mais satisfeitas e otimistas, e vice-versa.
O oposto também se confirma: pessoas mais negativas possuem pensamentos pessimistas, são menos satisfeitas e otimistas, e, consequentemente, sentem-se menos felizes.
Um dos principais gatilhos da felicidade está na relação com outras pessoas. A maioria dos entrevistados aponta a família como o grande pilar do bem-estar, associando felicidade à saúde e ao equilíbrio dos seus entes queridos. Por mais que se diga que família é tudo igual e se aponte os atritos comuns à relação entre pessoas, o amor, a fraternidade, o companheirismo, a cumplicidade e a união são fios condutores de felicidade.
Em segundo lugar, destaca-se o crescimento pessoal, no qual ser feliz significa melhorar a qualidade de vida, avançar nos estudos, progredir no trabalho ou alcançar estabilidade financeira. A conquista de bens é percebida como afirmação de sucesso e segurança, reforçando a ideia de construir um futuro mais confortável.
A trilogia do bem-estar — satisfação, otimismo e felicidade — tem mostrado que esses três indicadores estão profundamente interligados. Pessoas mais satisfeitas tendem a ser mais otimistas e felizes, criando um ciclo positivo que fortalece o bem-estar de todos a sua volta. E, ao entender esses fatores, podemos perceber como nossas emoções influenciam nossas decisões e o nosso futuro.
