Vivendo separados, mas juntos
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quinta, 12 de junho de 2025

Quando o relacionamento a dois fica sério, a tendência é migrar de fase. A amizade colorida ou o conhecido “ficar”, mudam o status para o namoro, assim como o namoro para o noivado e às vezes por fim, o casamento. Pois é, mas essa equação não é a mesma para algumas pessoas que optaram por uma nova forma de levar a vida a dois: o Living Apart Together (LAT), cujo significado em tradução livre é: vivendo separados, mas juntos. Evocada como uma “nova forma de relacionamento” no Brasil, o LAT existe na Holanda desde 1978, quando o jornalista Michel Berkiel escreveu um artigo sobre esse tipo de vida a dois, a partir de sua experiência pessoal.

Os defensores do LAT, apregoam que o casamento convencional limita algumas ações individuais do casal como fazer uma pós no exterior e a própria rotina de compromissos sociais, muitas vezes restritos a roda de amigos de um dos pares. Nesse tipo de relação há o que chamo de “respiro” e, sem dúvida, há sempre “saudade” além do frescor de ser surpreendido diariamente. O LAT é criticado por quem opta por um relacionamento convencional e questionado pelos que vivem uma relação aberta já que o foco de ambos tipos de relacionamento é a fidelidade ou a não necessidade dela. Acontece que aqueles que optam pelo LAT prezam pelos princípios da cumplicidade, estabilidade afetiva, parceria, intimidade e, manter relações afetivas e/ou sexuais fora da relação, é algo que não comungam.

Quase sempre são pessoas que já tiveram outras experiências afetivas, são estáveis financeiramente e profissionalmente, e procuram alguém para somar em suas vidas e não subtrair.  Sou favorável ao LAT faz alguns anos e posso atestar que o engajamento nos laços afetivos só tende a aumentar, a monotonia é algo inexistente e a expectativa por reencontros uma realidade. São casais que planejam com o mesmo frescor dos anos iniciais suas férias, pois a escassez do tempo que ficam juntos promove a empolgação em realizar atividades em comum, como viajar. Duas palavras resumem quem vive o LAT: lealdade e respeito a individualidade de cada um.

Em tempos que namorar virou sinônimo de morar junto, me causa espanto o estranhamento das pessoas para com quem vive o LAT, sem falar que morar junto não é senha para fidelidade, felicidade e paz de espírito. Os casais que vivenciam o LAT e possuem pretensões de compartilharem suas vidas até que a morte os separe, sabem que cedo ou tarde, quando a velhice chegar e a saúde ficar comprometida, terão que repensar seu modo de vida e talvez juntarem as escovas de dente. Daí, coabitar, cada um tendo o seu quarto dentro da casa, talvez seja uma solução para quem passou anos se visitando. No mais, não há receita no amor. O que é bom para uns, pode não ser ideal a outros e o que importa mesmo é ser feliz! “Não te quero senão porque te quero, e de querer-te a não te querer, chego a te esperar quando não te espero” (Neruda).

 

Bons Ventos! Namastê.

 

 

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