Publicidade
Safra de verão
Questão hídrica volta a preocupar produtores rurais
Se por um lado a falta de água prejudicou o potencial produtivo, neste momento o excesso tem comprometido a colheita nas lavouras da região
Por: Nícolas Rahmeier
Publicado em: segunda, 18 de abril de 2022 às 13:24h
Atualizado em: segunda, 18 de abril de 2022 às 13:28h

Se em um momento a escassez de água foi um problema enfrentado pelos produtores rurais, agora o que vêm preocupando os agricultores é o excesso de chuvas registrados nas últimas semanas na região. A safra de verão tem se mostrado uma prova de fogo e de resiliência, onde o produtor enfrenta uma verdadeira gangorra diante das condições relacionadas à água, elemento chave para o desenvolvimento das culturas. O contexto atual vivido é de colheita de grãos e, para realizar o balanço desta etapa no Estado, a Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), divulga um informativo atualizando o andamento desse processo. 

Desempenho da safra de verão no RS

Segundo informações da Emater, na semana passada 19% da área cultivada com soja já havia sido colhida. Em função da forte estiagem, as lavouras de verão que registraram perdas extremas não foram colhidas e a produção foi destinada a pastejo ou elaboração de feno para alimentação animal. Ainda, conforme dados veiculados pela entidade rural, a produtividade obtida com a colheita da soja é muito baixa em função das condições climáticas, contudo, existe uma tendência de melhoria à medida que o processo incluir as lavouras que foram estabelecidas a partir de dezembro. Para além da estiagem, os produtores vivem agora a expectativa de que as chuvas não prejudiquem o fim da safra, que já foi afetada pela seca.  

Balanço regional

O gerente do escritório regional da Emater, localizado em Frederico Westphalen, Luciano Schwerz, fez um balanço do desempenho da colheita nos municípios da região.
O profissional salienta que a safra é atípica, em função da estiagem, e estava prevista, mas que comprometeu muito o potencial produtivo das lavouras. “Neste momento, entre 40% e 50% das áreas cultivadas da região estão em etapa de colheita. Vemos um avanço rápido quando temos janela de colheita, por outro lado um cenário bem difícil em função de muitas chuvas, o que por hora acaba dificultando a colheita”, salienta Schwerz. Nesse sentido, conforme explica o gerente regional da Emater, pode ser que o grão seja prejudicado e perca potencial. “De fato preocupa porque essa soja, por exemplo, no ponto de maturação mais avançado, o grão começa a ter uma respiração muito maior, o que acaba também baixando as reservas desse grão, reduzindo o peso e podendo até mesmo comprometer a qualidade, pode trazer um nível de impureza maior, a própria umidade, grãos ardidos então tudo isso pode ainda agravar esse processo agora”. 
Conforme Luciano, a expectativa de uma maneira geral é que a produtividade fique de 25 a 26 sacas por hectare, com destaque para alguns municípios que possuem lavouras que estão ultrapassando as 60 sacas por hectare situações em exceção, conforme explica o colaborador da Emater. “São diferentes realidades, a lavoura pode ter pego algumas chuvas a mais, alguma prática de manejo diferenciada, o que levou a chegar nesse patamar (60 sacas por hectare), mas na maior parte dos municípios da região a produtividade tem sido muito baixa”, discorre.  
O produtor de Erval Seco, João Batista, salienta que já colheu 50% de sua área cultivada, com o rendimento de 11 sacas por hectare até o momento. Segundo Batista, com a melhoria das condições climáticas, a colheita será retomada com expectativa de 15 sacas por hectare.

Retomada na colheita e rentabilidade

Segundo Schwerz, a melhoria nas condições climáticas nos últimos dias possibilita que os produtores retomem suas colheitas, que têm apresentando um bom rendimento no sentido operacional, haja vista que quando o agricultor consegue entrar para realizar a colheita, é possível despachá-la de forma mais rápida, em função da produção ser menor. Já em termos de produtividade, Schwerz destaca que as áreas semeadas um pouco mais tarde, entre a metade de novembro e início do mês de dezembro, apresentam resultados melhores, em comparação com o observado no início da safra. 
O gerente da Emater também avalia a relação de rentabilidade para o produtor ante a safra. 
– Os preços estiveram compensando um pouco essa baixa produtividade, então, em muitas situações, os produtores vão acabar tendo uma receita parecida com o que tiveram no ano passado, apesar dos insumos estarem com um preço diferente, mesmo que nessa safra que está sendo colhida ela ainda foi implantada com preços mais baixos, o que vai dar para o produtor talvez uma condição de rentabilidade razoável, não vai ser aquela condição extrema, isso em média da nossa regional que são 420 mil hectares de soja. Outra notícia boa é a questão dos descontos de 35% em financiamentos que está vinculado com a questão da seca, que foi uma das conquistas em nível federal para minimizar um pouco esse problema para o agricultor pagar suas contas ao invés de simplesmente prorrogar, ganhando o desconto nas operações de investimento e custeio – pontua Luciano Schwerz.
 

Conteúdo restrito a assinantes
Vitrine do AU