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Fenômeno luminoso
Possíveis meteoritos podem ser encontrados na região
Indícios sugerem que grande meteoro pode ter sido fonte da explosão ouvida no mês passado
Por: Douglas Cavalini
Publicado em: sábado, 09 de outubro de 2021 às 14:13h


O forte estrondo que chamou atenção de vários moradores dos municípios da região no dia 25 de setembro, pode ter deixado vestígios que são de grande importância para a ciência. Isso porque a causa mais provável do barulho e dos tremores que foram registrados é a queda de um grande meteoro. Isso foi o que a professora da Universidade Federal do Pampa, campus Uruguaiana, mestre em Física e pós-doutorada em Astrofísica Estelar, Eliade Ferreira Lima, explicou para a reportagem do jornal O Alto Uruguai, citando que a origem dos tremores registrados é próxima ao município de Dois Irmãos das Missões.

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Segundo o engenheiro químico pesquisador e membro da Brazilian Meteor Observation Network (Bramon – Rede Brasileira de Observação de Meteoros, em tradução livre), Gabriel Gonçalves Dias, “um meteoro é o fenômeno luminoso gerado pela passagem de uma rocha pela atmosfera em grande velocidade. Essa velocidade é muito grande e a desaceleração leva à liberação de grande quantidade de energia, principalmente, na forma de calor e luz. Essa luz é o que vemos e que popularmente é conhecido como ‘estrela-cadente’ e o calor acaba vaporizando a rocha”, relata.


De acordo com o pesquisador, o fenômeno é mais comum do que se imagina e é possível de ser visto várias vezes no decorrer de uma noite. Mas quanto maior a rocha, menos comum é sua incidência. E são nesses casos que os vestígios podem chegar à terra. “Se a rocha for grande o suficiente, a amostra não será totalmente vaporizada e parte pode alcançar o solo”, ilustra Dias.


O pesquisador relata que foi o tremor registrado na região que alertou os observadores desses fenômenos para o caso. “Fomos avisados de um tremor aí na região, cujas características sísmicas apontam para a possibilidade de ter sido um grande meteoro. Junto a isso fomos informados sobre o relato dos moradores, principalmente, aqueles que citam a observação de uma luz brilhante, o que seria condizente com um meteoro. Infelizmente, nossa cobertura na região não é tão grande, associado a condições climáticas do horário, acabamos não capturando nada”, elucida.


Ainda de acordo com o pesquisador, caso se confirme um meteoro, ele teria sido grande e as cidades que ouviram a explosão provavelmente estão na região mais próxima de onde ele apagou, ou seja, estariam próximas do local de queda de meteoritos. “Se tivéssemos registrado o meteoro, poderíamos tentar estimar uma região mais provável de se procurar por fragmentos de meteorito, mas na falta disso, podemos supor que eventuais meteoritos poderiam ter caído na região localizada entre os municípios que relataram a explosão”, indica.

Material importante para a ciência
Apesar de os meteoritos terem valor comercial e legalmente poderem ser vendidos, o valor maior é o científico. Com a análise de alguns desses materiais, é possível estudar a formação do sistema solar, ocorrida a cerca de 4,6 bilhões de anos. Outros, mais raros, podem vir, inclusive, da superfície da Lua ou de Marte. “Quimicamente são divididos em três grandes grupos: rochosos, ferrosos e ferro-rochosos. Em suma, excetuando um subgrupo dentro do grupo dos rochosos, os meteoritos sempre vão apresentar alguma quantidade de ferro e níquel metálico, isso faz com que as rochas sejam densas e fortemente atraídas por imã. Porém, isso faz com eles sejam muito susceptíveis à oxidação, principalmente se forem expostos à água”, descreve Dias.
Ainda segundo ele, os meteoritos não são radioativos, não são tóxicos, mas também não possuem propriedades curativas, como algumas pessoas acreditam.


Como identificar um meteorito
- Ver se a rocha é escura por fora.
- Se for possível ver o interior, provavelmente será mais clara e com “pintinhas” de metal.
- Se tiver uma crosta escura semelhante à fuligem, tente lixar cuidadosamente um pequeno pedaço para ver como é por dentro.
- Ver se a rocha é diferente daquelas que são normalmente encontradas na região.
- Materiais como basalto (reto por dentro e por fora), escória de fundição (cheia de bolhas meteoritos, em quase sua totalidade, não apresentam bolhas), descartes de metal (metal feito pelo ser humano), silício metálico industrial (de cor metálica brilhante e muito resistente à oxidação), minério de ferro (mistura de óxidos de ferro, de cor cinca escuro por dentro, geralmente solta um pó preto ou vermelho ao ser lixado) podem ser facilmente confundidos com meteoritos.

 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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