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Saúde mental
Dia do Psicólogo: população sofre mais com ansiedade devido à pandemia
Transtorno pode atingir todas as idades, desde crianças até idosos
Por: Fabrício Lemos
Publicado em: sexta, 27 de agosto de 2021 às 11:38h

No Brasil, o Dia do Psicólogo é comemorado em 27 de agosto, uma lei sancionada pelo então presidente João Goulart, no ano de 1962, que dispõe e reconhece a profissão. Para marcar a data, a equipe de reportagem do jornal AU conversou com duas profissionais – as psicólogas Samia Younes Prá e Neide Mari Faccin Dalmolin –, que falam um pouco sobre o momento que a população vem passando por conta do coronavírus e a importância da atuação dos psicólogos nesse período.
Neste último mês, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizou uma pesquisa onde aponta que 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa durante a pandemia, o que, para as psicólogas, é um momento de grande preocupação. “Estamos passando por um momento bastante delicado em relação à pandemia, onde fomos forçados a nos isolar e esta falta de convivência fez a ansiedade aumentar muito”, comenta Samia. 
Há cerca de um ano e meio, a pandemia teve seu início em território nacional e, até hoje, ainda assola a população. As restrições estabelecidas ao longo desse período geraram consequências e o aumento na busca por psicólogos demonstra isso. O medo das variantes, o luto pelas perdas de amigos e familiares, o recomeço em um mundo pós-pandêmico são assuntos que predominam na busca pelos profissionais da área.
– Estamos vivendo uma pandemia e isto tem deixado muitos apreensivos e sem saber como lidar com uma situação assim, deixando as pessoas mais ansiosas do que o normal ou agravando problemas de ansiedade que viviam antes da pandemia. Desde o início do meu trabalho enquanto psicóloga clínica até os dias de hoje, houve, neste último ano, uma crescente procura pelo meu trabalho. Não apenas por problemas emocionais por conta da pandemia, mas também por pessoas que visam um bem-estar, uma qualidade de vida melhor para si ou para seus familiares ou amigos. Estamos vivenciando uma época em que as pessoas começam buscar cuidar de sua saúde mental – acrescenta a psicóloga Neide Mari Faccin Dalmolin.

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Resistência na procura 
Quando perguntada sobre a resistência na busca por ajuda ou fuga do problema e, até mesmo preconceitos, Samia conta que esse comportamento existe, o preconceito também. “Mas isso se desfaz no momento em que a pessoa vai ao tratamento e percebe os inúmeros benefícios que a psicoterapia traz”, explica Samia. 

Importância do acompanhamento
Nesta sexta-feira, 27, a psicologia completou 60 anos de regulamentação no território nacional, e já firmou seu papel como grande aliada para resolução de problemas emocionais, psíquicos e no auxílio da busca de um crescimento interior pessoal, em nível clínico, mas também na área organizacional, escolar, do trânsito e comunitária. A busca por um profissional da área é um sinal de coragem e maturidade, pois a pessoa vai ao encontro de sua verdadeira personalidade, com todas as dificuldades. “Geralmente, a pessoa sai muito melhor de um tratamento psicológico, com mais condições de enfrentar a sua vida e as experiências que terá pela frente”, esclarece Samia. 
Para Neide, a primeira orientação é não tentar se livrar da ansiedade, e sim aceitar ela e não usar estratégias para reduzi-la. “Estes comportamentos que buscam querer resolver rapidamente aquele mal-estar emocional, muitas vezes, podem ser piores. Comportamentos assim aliviam por muito pouco tempo a ansiedade e podem até mesmo piorar o quadro. Ao invés de fazer algo sem ter uma orientação correta de um profissional, procure receber e aceitar a ansiedade e tente vivenciá-la como parte natural da experiência humana, pois o teu corpo está tentando te alertar para uma ameaça e a pandemia realmente é uma ameaça. Valide seus sentimentos ao invés de reprimi-los, ouça o alerta que a ansiedade traz, observe sem fazer julgamento e aguarde ele terminar, pois isso vai acontecer. Este é um processo lento, mas muito importante”, orienta a profissional.

Como tratar a saúde mental?
Para melhor cuidar da saúde mental é preciso perceber de onde ela se origina, e para isso é necessário um tempo para si próprio. É fundamental a diminuição na autocobrança demasiada, fazer exercícios físicos, ouvir músicas de seu agrado, que façam relaxar; buscar um hobby, conversar com amigos e pessoas queridas, tudo faz com que o relacionamento com as pessoas ao redor seja mais saudável. Entre tantas outras coisas que conservam o corpo e a mente, e fazem com que a pessoa tenha uma melhor qualidade de vida. 

Os desafios
É preciso dizer que a ansiedade está presente em todas as pessoas, conviver e controlá-la é algo possível. Muitos vivem tranquilamente com isso e enfrentam os desafios da vida, pois eles sempre vão existir, e não é possível fugir, o importante é saber que alegrias e tristezas, altos e baixos fazem parte do nosso viver. Mas, em casos em que os sintomas sejam muito exacerbados, é necessário a busca por ajuda. 
– Ainda temos um longo caminho a percorrer para que se instale uma saúde mental satisfatória. Precisamos de paciência e muita conscientização. Mas a gente chega lá, temos que acreditar – finaliza Samia.  

Colaboração
Psicóloga Samia Younes Prá – CRP 07/2945. 
Psicóloga Neide Mari Faccin Dalmolin – CRP 07/17567.
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai
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