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Acessibilidade
Uma luta diária pela igualdade
Na Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, AU conversa com quem sofre diariamente na busca por melhorias
Por: Douglas Cavalini
Publicado em: segunda, 23 de agosto de 2021 às 10:12h
Atualizado em: segunda, 23 de agosto de 2021 às 10:23h

Praticamente todos os dias a cadeirante Ana Grassi, 64 anos, se locomove pelas ruas de Frederico Westphalen em sua cadeira de rodas motorizada. Figura conhecida pela população, Ana passa por calçadas esburacadas, ruas com rampas de acesso malfeitas e em locais inadequados, seguindo em frente em busca de um propósito pelo qual vem dedicando sua vida: a igualdade por meio da acessibilidade. 

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Ainda criança, Ana contraiu poliomielite que, em pouco tempo, lhe causou paralisia e perda dos movimentos das pernas. Vinda do interior, chegou a utilizar um carrinho de mão como transporte, antes de ter uma cadeira de rodas própria. “Aqui, se faz de conta que a acessibilidade é feita”, protesta. 


Durante os dias 21 a 28 de agosto, é celebrada a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, momento em que a atenção se volta um pouco mais para essa parte da população. Apesar de ser uma pauta recorrente na sociedade, as melhorias, muitas vezes, não cumprem seu propósito. 


– Melhorou, e a gente agradece por essas melhorias. Mas melhorou de uma forma inadequada. Coisas foram feitas sem cumprir normas técnicas que regulamentam a acessibilidade. Muitos fazem como pensam que é o certo e ignoram isso. Se elas fossem seguidas, não precisaríamos ficar todo o ano batendo nessa mesma tecla – analisa Ana, em retrospecto com os últimos anos.


A frederiquense faz visitas regulares a novas obras realizadas no município, trazendo consigo demandas para a população com problemas de mobilidade. Quando retorna depois da conclusão, nem sempre sai satisfeita com o resultado. “Vou aos lugares de um ano para o outro, e o que é feito não segue um padrão. E quando tem acessibilidade, ela não é respeitada, como em frente a lojas, estabelecimentos comerciais, onde são colocadas propagandas em locais inadequadas, que dificultam a passagem e o acesso”, adverte.


Ela afirma que datas como a celebrada nesses dias são importantes para a conscientização, mas não bastam. “Elas fazem as pessoas lembrarem desses problemas, mas não há continuidade dessa mobilização ao longo do ano. São feitas audiências, fóruns, mas não muda muita coisa. Foram instaladas novas rampas em alguns locais, mas o problema não é só esse. As guias para os deficientes visuais não seguem um padrão”, exemplifica.


Ana diz que sua luta também é para melhorias àqueles com deficiência visual. “Algumas pessoas falam que não há pessoas com essa deficiência aqui. Elas existem, mas não podem sair com essa situação”, complementa. 


E sobre mais acessibilidade, Ana lembra de algumas coisas que sente falta em Frederico Westphalen. “Não temos acesso a esporte, lazer. Não estamos pedindo um espaço exclusivo para nós, mas que seja acessível para a gente também, que todos possam utilizar da mesma forma. Nos próximos meses, temos uma série de datas que lembram sobre a acessibilidade, que seria, talvez, uma oportunidade para a nossa cidade fazer algo diferente”, reforça. 

Fonte: O Alto Uruguai
Vitrine do AU