Sagrado café
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segunda, 13 de setembro de 2021

Acordar e sentir o aroma do café, para mim, é a garantia que o dia será bom, à mercê dos possíveis contratempos. Gosto puro, sem leite. Por vezes, faço acompanhar de uma pitada de canela. O chantilly, entra poucas vezes em cena, sendo consumido em recipiente separado, também polvilhado com canela, já que a paixão pelo gosto amargo do café não me permite misturá-lo com outras coisas. Em casa, aprecio o ritual do café passado – estilo coador descartável –, mas não dispenso o uso da “napolitana”, mais conhecida no Brasil como “Moka Italiana”. Trouxe da Itália em 2002, minha primeira “cuccumella” como é chamada em Nápoles, pois no Sul da Itália é o método mais utilizado e, isso me lembra o pai napolitano. O café resultante de uma cafeteira Napolitana costuma ser encorpado se for utilizado um café de moagem mais grossa. O preparo é simples. Basta adicionar água na base da cafeteira até o nível da válvula de segurança e o café no compartimento devido. Quando a água aquece e entra em contato com o pó, ambos são impulsionados para a parte superior da cafeteira e, eis o café. O hábito de beber café também me acompanha no trabalho, assim como de ofertá-lo quando chega alguém na minha sala, embora a preferência aqui no Sul seja pelo chimarrão. Se é vício? Não sei, só lembro que no tempo em que dei aula na PUCRS, o pessoal do bar da Famecos me servia uma xícara de café toda a vez que eu entrava, antes mesmo de eu pedir. Existem vários métodos de preparar café, oriundos de culturas diversas e da preferência de cada um em degustar essa delícia. A seguir, alguns desses procedimentos:
•    French Press (prensa francesa), feito com moagem mais grossa, a filtragem é feita por meio da separação entre sólido e líquido. 
•    Café Turco, caracterizado por uma bebida espessa e não filtrada, oriunda de uma infusão com café pulverizado (moagem extrafina), onde são adicionadas especiarias.
•    Expresso, feito na aeropress, um dos métodos mais populares e práticos, feito com a passagem da água quente em alta pressão pelos grãos moídos, tendo como resultado uma bebida forte.
Sobre o surgimento da bebida amarga, existe muito romance a respeito e várias versões. Contudo, a lenda mais conhecida é a de um pastor de cabras que comenta com um abade, que os animais ficavam agitados ao comerem determinados frutos. O monge resolveu ferver as frutas na água e, ao provar, achou a bebida intragável. De pronto atirou os galhos e frutas no fogo dizendo ser aquilo o “fruto do diabo”. Em seguida, o cheiro da torra foi se tornando embriagador, fazendo com que o monge retirasse do fogo o fruto, onde fez uma decocção com as sementes de café torrado, surgindo assim, o primeiro café. No século XVII, a bebida ainda mantinha um status diabólico. Chamada por alguns de “Bebida amarga de Satã”, recebeu a absolvição em 1620, quando o Papa Clemente VIII, antes de decidir pela proibição, resolveu provar a bebida achando seu gosto agradável. Pecado ou não, eu não abro mão do café! Vai um expresso aí?

Bons Ventos! Namastê.

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