Na estrada de Emaús
*Os textos e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores, e não traduzem a opinião do jornal O Alto Uruguai e seus colaboradores
quarta, 16 de abril de 2025

Uma das páginas mais ‘dulçurosas’ da Bíblia é o episódio dos Discípulos de Emaús, escrito pelo evangelista médico Lucas. Só podia ter sido narrado por um médico, que conhece o organismo corporal e mentalmente. Vamos ao fato: No domingo da Ressureição, dois cidadãos, um deles se chamava Cléofas, estão voltando de Jerusalém para sua vilazinha natal, de nome Emaús, que dista 12 quilômetros da histórica cidade de Jerusalém. Vinham caminhando cabisbaixos, vestidos de tristeza e ensopados de frustração. Ressalto que Cléofas era casado com Maria Eli, que era irmã de Nossa Senhora. Conclui-se então, obviamente, que também nossos dois heróis foram protagonistas da Paixão e Morte de Jesus Cristo, vivenciando aquele sangrento drama.

Assim como a maioria do povo israelita provavelmente também imaginavam um Cristo, rei glorioso, governante do país, que os livraria do jugo romano. Esta liderança do Mestre, seus prodígios e simpatia dos habitantes faziam-lhes acreditar num futuro esplendoroso. E agora estavam se deparando com o seu líder, morto, enterrado, tendo sofrido a condenação infame da Cruz. Além de doloridos, os sentimentos eram de vergonha. Eles voltavam para casa desiludidos. E tão concentrados estavam nos seus comentários que nem perceberam a chegada de um estrangeiro que se juntou à dupla. Como fazia frio, certamente o novel visitante estava bem enroupado, com capuz na cabeça. Começou ELE a partilhar da conversa que teve aquele final estonteante, já na casa de Cléofas, revelando-SE no momento da fração do pão. E tão eufóricos ficaram que fazem o caminho de volta para comunicar aos outros a suprema notícia.

Quem de nós já não viveu capítulos na sua existência que se mudaram do zero para o dez, das trevas para a luz, do pesadelo para o despertar, da noite escura para uma aurora luminosa? Imagino o Inter perder a final do campeonato, sair do estágio de cabeça baixa e ao chegar em casa, ouvir pela rádio que a partida foi anulada, pois o adversário tinha um jogador mal inscrito, o Inter ganhou os pontos e virou campeão? Imagine um empregado que foi desempregado receber um telefonema de uma outra empresa, convidando-o para ser gerente? Imagine que a sua gorda conta bancária foi zerada por um hacker que invadiu o sistema, mas no dia seguinte o Banco o chama para comunicar que o estrago foi consertado e descobriram o larápio já posto na cadeia? Imagine que o resultado do seu exame, que indicava câncer, tinha sido trocado pelo de um outro paciente e você goza perfeita saúde? São inúmeras situações na vida, em que entramos num abatimento mortal, quase como Cristo no Horto das Oliveiras. Nós todos temos uma tendência para as lágrimas, pela 6ª Feira Santa. No entanto, Deus que nos fechou uma janela estreita, abre-nos uma porta ampla.

Na realidade, nossa religião é uma religião de Domingo da Ressurreição. O psicólogo São Paulo adverte que se Cristo não tivesse ressuscitado “comamos e bebamos, gozemos a vida porque amanhã morreremos. Mas ELE veio nos consolar, foi para o Céu, num lugar onde há muitas moradas, e uma delas está reservada para nós, para que onde ELE estiver nós estejamos junto”. ELE venceu a morte, calcou a frustração sob os seus pés, é o aval da nossa alegria. Celebremos, pois, a FELIZ PÁSCOA!

 

Fonte: